[Digimon] Digimon Burn

Assunto: [Digimon] Digimon Burn Sáb Fev 28, 2009 6:01 pm

Yo, pessoal!

Bom, trago aqui o remake de uma Fanfic minha que foi iniciada a muito tempo em outro lugar, mas nunca foi terminada... Essa nova versão tem muitas mudanças em relação à original, aos que acompanhavam a versão antiga, espero que gostem delas! E aos que estão começando a ler, espero que apreciem a história!

Citação :: Nome da Fanfic: Digimon Burn
Nome do(s) Autor(es): Diego (DKG)
Gênero Principal: Ação, Mistério e Romance
Em que foi foi baseada: No animê Digimon
Recomendação Etária: 14+
Sinopse: Estranhos monstros invadiram o Japão, e se espalham por todo o mundo. O terror toma conta da população, que vê cidades inteiras serem destruídas. Em meio a esse tumulto está Aoki Sanjodai, um garoto de 14 anos, que acha sua vida um tédio. Essa realidade muda totalmente quando ele e seu colega de aula Ichikawa Keitai são absorvidos por um Portal Digital, que os conduz a outra dimensão. Conhecem uma garota que também foi sugada por um Portal, ela se chama Shirakabe Kimiro. Os três começam então uma busca desesperada para saber como voltar para casa, buscando fugir dos monstros selvagens que habitam esse outro mundo. Mal sabem que estão mais envolvidos nessa invasão do que pensam.

Observação: Como os personagens protagonistas moram no Japão, será possível ver alguns elementos dessa cultura no decorrer da Fanfic, entre elas o sobrenome vir antes do nome, e a utilização de sufixos japoneses.

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Digimon Burn

Prólogo: A Abertura do Portal Digital

Janeiro, dia 16.

São onze horas da noite. Acabo de chegar até a antiga central de experiências e garanto, ninguém entra aqui há anos. A quantidade de poeira era absurda. Como você me falou, a sala estava trancada, precisei roubar a chave do diretor.

Não foi fácil, ele se encontrava no último andar, precisei subir sorrateiramente as escadas para os guardas não perceberem minha presença. Chegando lá, arrombei a fechadura da porta silenciosamente e invadi. Ele dormia. Me aproximei, prendendo a respiração para não acordá-lo, abri todas as gavetas da cômoda do quarto, depois as gavetas do criado-mudo, mas não encontrava.

Foi então que percebi, a chave estava sendo usada como um pingente pelo diretor. Tentei ao máximo tirar sem acordá-lo, mas não funcionou. Ele arregalou os olhos quando me viu, e por instinto, agarrou o capuz que ocultava meu rosto e arrancou. Demonstrou mais medo ao ver quem eu era, e desesperado, pegou fôlego para gritar. Não tive outra opção. Silenciei-o.

Após matá-lo, desci as escadas novamente até a porta de acesso à central. Tive sucesso, não encontrei nenhum guarda no caminho. Chegando lá, usei a chave, e a porta se abriu. Para minha surpresa, um alarme soou. O som alto preencheu todos os corredores do prédio, e pude ouvir passos apressados. Sem pensar duas vezes, tirei a chave da porta e entrei na central, fechando-a logo em seguida.

Prendi a respiração para não fazer barulho, e também para evitar aspirar o cheiro de mofo que se encontrava naquela peça escura abandonada havia tantos anos. Não conseguia enxergar nada, mas não acendi a luz. Esperei. Ouvi vozes do outro lado da porta. Todas se perguntavam o que estava acontecendo. De repente, ouvi gritos desesperados. O corpo do diretor havia sido descoberto.

Mal isso aconteceu, e a porta atrás da qual eu me escondia foi derrubada. Meia dúzia de homens armados invadiram a central. Olharam para os lados, mas tudo estava escuro. Não se enxergava nada. Entraram temerosos olhando para todos os lados, e então pude agir. Esquivei-me sorrateiramente pelas sombras, e com uma única punhalada na nuca, o primeiro tombou silenciosamente, sem que os outros percebessem.

Fiz a mesma coisa com os outros cinco. Nenhum deles percebeu o que estava acontecendo aos demais porque estavam muito longe uns dos outros. Guardas negligentes. Tal erro custou a vida de todos.

Enfim, foi como as informações que você me passou, havia apenas seis guardas. Coloquei os corpos no corredor, me tranquei na central, e então pude começar. Antes de qualquer coisa localizei o interruptor de luz, e o acendi. A cena que vi foi bela e assustadora. Todas aquelas máquinas, todos aqueles computadores, todos aqueles aparelhos que eu desconhecia, aquilo era lindo.

Por outro lado, eu também tinha medo. Tudo estava coberto por pó. Pareciam não ser usados há décadas. Estariam funcionando? Precisavam estar, pois era nossa única esperança.

Deixando esses pensamentos negativos de lado, me aproximei da grande máquina. Sentei-me em uma cadeira próxima, e me aproximando do teclado, apertei o botão para ativá-la. Com um estrondo curto seguido por um zumbido, as diversas luzes da máquina se acenderam. Suspirei, o alivio tomou conta de meu corpo. Estava funcionando.

Rapidamente comecei a digitar os dados e coordenadas, precisava ter muito cuidado, já que um número digitado errado poderia pôr nossos planos por água abaixo. Enfim, após poucos minutos eu terminei de digitar, e ouvi uma voz robótica perguntando se eu queria ativar o Portal. Obviamente, respondi que sim. Outro curto estrondo foi ouvido, e todas as máquinas do aposento se ligaram automaticamente.

Poucos segundos depois, meu rastreador detectou a presença de um deles, em Odaiba. Não pude conter uma exclamação de alegria. Tudo havia funcionado como o planejado. Sorrindo, comecei a escrever essa carta. Espero que ela chegue até você o mais rápido possível.

Até breve, e sucesso para a Resistência.

ooo ooo ooo

O vulto encapuzado dobrou cuidadosamente o papel sobre o teclado azul da máquina. Não era possível ver nenhuma parte de seu corpo, estava totalmente coberto por uma capa negra.

- Apareça, Símbolo. –Disse, fazendo um leve movimento no interior da capa, aparentemente usando a mão.

De repente, um ser saiu dela. Era estranho, parecia um pequeno macaco negro com asas de morcego saindo das costas. Não era possível ver seus olhos, talvez estivessem cobertos pelos compridos pêlos, ou talvez simplesmente eles não existissem.

- Entregue. –Sussurrou o vulto, entregando o papel para o ser que foi chamado de Símbolo.

Esse por sua vez pegou o papel, dando um leve aceno com a cabeça, e no instante seguinte desapareceu no ar, como fumaça.

- Agora começa o verdadeiro jogo de vida ou morte. –Murmurou o que havia ficado, olhando para a tela de um dos computadores, que piscava emitindo uma luz vermelha.
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Espero que tenham gostado do Prólogo!

Abraços!

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Sáb Fev 28, 2009 7:46 pm

Não acredito!É muita felicidade!

Digimon Burn minha fanfic favorita finalmente aqui no The Writers!!! cheers

Enfim minhas preces foram ouvidas e eu finalmente poderei rever desde o inicio as aventuras de Sanjo e Burnmon,Keitai e Coronamon e Kimiro e Chiupumon!Vai ser fantastico! lol!

Comentando o episodio vejo que ele ficou completamente diferente do prologo anterior.Você não colocou a parte onde o invasor do edificio misterioso matava o diretor!Também não colocou as partes em que ele silenciava os guardas mortalmente!

Achei interessante você ter colocado o invasor logo notificando seu superior do exito da invasão DKG e achei muito interessante também você descrever como ele esquadrinhou a cidade até localizar algo em Odaiba.

Isso muito me agradou por Odaiba ser um dos pontos mais conhecidos para nós fãs de Digimon.

Agora resta esperar para ver como se dará a ida de Sanjo e seus Amigos para o Digimundo e o que você mudara e também manterá.

Sucesso com esta que é uma das melhores fanfics que eu já li.Que a nova versão seja ainda melhor! Very Happy

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Sáb Fev 28, 2009 8:35 pm

Finalmente vou poder ler a Digimon Burn desde o começo! Very Happy

Comentando, achei interessante esse ser misterioso de capa, deixou bem claro que ele não é humano, fiquei curioso agora! Shocked

Também gostei da parte que esse ser mata os guardas tão habilmente e queria saber mais sobre esse Símbolo, sera ele um Digimon? Neutral

Enfim, foi um bom prólogo, com muitos detalhes mas bem direto...
Continue assim e sucesso com a fic! Very Happy

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Dom Mar 01, 2009 2:48 am

Yo DKG, finalmente vou poder ver a Burn desde o começo, pois na DF estava já no capítulo 15...
Então, muita coisa foi mudada da outra versão do Prólogo, sendo que nesta não é possível identificar esse tal digimon que escreveu a carta (na outra tava na cara que era um Belzebumon).
Bom, gostei do prólogo, não mostrou muito da história por ser um prólogo, mas tudo bem, está legal.

Gostei de sua escrita, mas acho que deveria descrever mais, tipo, o lugar que o Belzebumon digimon entrou, tipo, era grande? Havia objetos na sala? Quais objetos? Que cor? e por aí. Acho que também devia ter descrito os guardas, que armas estavam usando? Estavam com coletes? Havia alguma palavra escrita no colete? Use isso e sua fic será perfeita. Fora essas coisas, deu pra entender que o digimon queria abrir um portal em Odaiba para que os digimons destruissem-na ?

E tipo, você usa o tipo de escrita que a maioria usa, ou seja, o - depois vem a fala, depois da fala vem outro -, e depois disso quem falou e a ação/sentimento de tal personagem. Exemplo:

- Bom, eu acho que isso será bem legal! - Disse Sanjo (holy Shit, i sayed an SPOILER!!) feliz.

Porém, esse hífen ( - ) que vem depois da fala, ele tem que ser separado da ação/sentimento, mas você deixou ele colado com a ação/sentimento, deixando o assim:

- Bom, eu acho que isso será bem legal! -Disse Sanjo, feliz.

Leve isso como uma dica, pois alguns leitores podem confundir esse hífen colado com as palavras de ação/sentimento com outras coisas.
Bom, nada mais pra dizer, espero os próximos capítulos. Essa fic foi uma das melhores fics que já li na vida, por isso trabalhe bastante nela ;D.

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Dom Mar 01, 2009 4:41 am

Yo, pessoal!

Alexis:
Que bom que ficou feliz em rever a Burn! Espero que essa nova versão agrade ainda mais, muitas coisas vão ser mudadas, espere para ver! Sobre o Prólogo, ele foi totalmente reformado, principalmente por uma idéia em especial que vai ser apresentada em breve na história, mas também tem vários outros motivos. Obrigado pelos elogios, espero que esse remake agrade tanto quanto a versão original, mas se eu conseguir, ainda mais!

Spirit:
Pois é, agora a história recomeçou, vai poder acompanhar desde o início! E garanto, aqui no The Writers ela vai ser apresentada em sua totalidade!
Então, sobre suas dúvidas, não tire conclusões precipitadas, os mistérios podem não ter as mesmas respostas que aparentam... Espero continuar agradando!

Leonardo:
Bom, sem querer te desapontar ou algo assim, mas nem no Prólogo original nem no atual o vulto era/é um Belzebumon... Como disse para o Spirit, cuidado com as conclusões precipitadas!
Sobre as descrições, na verdade isso foi proposital... Os guardas, o diretor, o vulto e etc. podiam sim ter sido descritos, mas não se esqueça que a maior parte da narrativa era um comunicado apressado do vulto a alguém. Então, ficaria estranho ele descrever cada detalhe, como era cada guarda, e descrever ele próprio, por isso não descrevi praticamente nada na carta. Mas olhei o que veio depois dela e achei que podia ter descrito melhor o local mesmo... Nas próximas vezes que a sala aparecer vou corrigir isso! E valeu pela dica, vou usá-la já a partir do próximo capítulo, qualquer outra coisa é só falar!

Falando no Capítulo 1, acredito que vá sair daqui a uma semana, ou então dez dias...

Obrigado pelos comentários e pelo apoio!

Abraços!

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Dom Mar 01, 2009 11:12 am

Três, dois, um! Finalmente!
Acho que não ia ler? Cara está demais! Realmente, mesmo sem a descrição na carta as ações foram demais, sei lá, achei bem legal. Revi rapidamente meu comentário na antiga FanFic, realmente foi fulezinha. Mas uma coisa que se percebeu em tua FanFic foi o número de episódios já feitos e as aventuras já ocorridas. Pois, pareceu uma FanFic a cada aventura, cada emoção, cada ação, realmente era muito fatisfatório ver e ler aquilo, então quero que continue assim, quer dizer, melhore cada vez mais amigo!

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Ter Mar 03, 2009 5:29 am

Esse prólogo é um exemplo do que eu disse na entrevista, mistério e suspense ligados na mais alta voltagem são, sem sombra de dúvida, o melhor tipo de fanfic, na minha opinião. Ficou bem melhor essa nova versão do prólogo, me deixou curioso pra caramba para saber quem é a pessoa/digimon/ninja/ser misterioso que protagonizou esse prólogo, o tal de Símbolo parece ser mesmo um digimon, apesar de que nenhum tenha me vindo à mente com a descrição dada na história. Bem, por enquanto é só, estou ansioso para acompanhar a versão melhorada de Digimon Burn. Smile

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Qui Mar 05, 2009 9:35 pm

Ah sim, bem melhor que a versão antiga, e muito original de sua parte colocar o prólogo em carta (apesar de ser bem simples e fácil descrever uma auto-narração do que uma descrição em tempo real, mas tudo bem, isso não prova nada, e o prólogo ficou bem encaixado e direto).

O "símbolo" eu acredito já saber quem é, mas não tenho total certeza. E concordo com o povo que você descreveu bem pouco o local após a carta.

Bom, agora é só aguardar pelo que vem pela frente, irei esperar por mais emoção e por mais descrição nos próximos capítulos. Espero sentir mais emoções nos personagens nessa nova versão da Burn.

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Qua Abr 22, 2009 1:00 am

Yo, pessoal!

Depois de um bom tempo trago novo capítulo da Digimon Burn, peço desculpas pela demora, e para não demorar mais ainda, espero que gostem!

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Capítulo 1: Dragões no Céu, Leões no Telhado

Um dia se passou desde que o Portal Digital havia sido aberto. Nesse tempo, nada demais havia acontecido, no máximo um louco de Odaiba ligando para a polícia no meio da madrugada. No telefonema, ele gritava aterrorizado, dizendo que tinha visto um gigantesco urso de pêlo roxo e luvas vermelhas passar em frente à sua casa, parecendo confuso e farejando o ar.

Obviamente o registro mal foi feito pela polícia e já foi arquivado. Sem dúvida alguma era um trote, ou mesmo um bêbado sonhando. Por via das dúvidas, os policiais telefonaram para os Zoológicos da região, mas todos disseram a mesma coisa. Nenhum urso havia fugido da jaula. Assim, ainda naquela noite o caso foi esquecido.

ooo ooo ooo

- Então turma, por hoje é só! Acaba aqui nossa longa jornada do ano letivo, espero ter conseguido fazer alguma coisa entrar nessas suas cabeças ocas!

Quem falava em tom esganiçado era um senhor baixo e magricela, com cabelo grisalho e bastante rebelde. Usava óculos enormes que tapavam a maior parte do rosto, e seu aro tinha a cor dourada. Vestia uma camisa branca com uma jaqueta de couro marrom por cima, calças jeans simples e sapatos marrons. Esse professor poderia ser considerado alguém normal, se não fosse por sua estranha personalidade.

- Já sabem as regras do Professor Eslováquio para curtir bem as férias! Não sabem? – Disse, surpreso, olhando para o público.

Ele estava em uma sala de aula, com chão de madeira e paredes brancas. O local era bem iluminado, possuía uma janela de cada lado, uma porta ao fundo, um quadro negro à frente (se encontrava cheio de cálculos estranhos sob uma anotação “Princípios Básicos para Criar uma Bomba Caseira – By Professor Eslováquio”), e cerca de 50 classes, cada qual com um aluno diferente, mas todos tendo em comum a expressão de tédio e sono.

- Vocês não lembram das regras para curtir as férias que eu disse no primeiro dia de aula? – Questionou o senhor, em tom choroso.

Um murmúrio de “lembramos” percorreu a classe sonolenta, mas o professor não se deu por satisfeito.

-Então, de um jeito ou de outro eu vou repetir! Regra número 1: Garotos e Garotas, cada um na sua casa. E se morarem na mesma casa, é obrigatório que fiquem cada um no seu quarto. Regra número 2: Fritar ovo é muito perigoso, porque...

- Droga, que tédio... Quando será que o sinal vai tocar? – Pensou um dos alunos, levando a mão ao bolso, onde estava o celular.

O aluno em questão era Aoki Sanjodai, mais conhecido como Sanjo, e tinha 14 anos de idade. Seus cabelos eram louros, um pouco compridos e arrepiados, e tinha olhos azuis. Era um pouco baixo e magro, mas aparentava ser forte. Vestia uma jaqueta cinza, que estava fechada, e calça jeans azul escuro, além de tênis negros.

O rapaz ficou levemente surpreso ao perceber que o celular estava desligado. Silenciosamente tentou ligá-lo, mas sem sucesso. Aparentemente a bateria havia acabado.

Mais entediado que nunca, ele suspirou e ficou alguns minutos olhando distraidamente para janela da sala de aula, que estava parcialmente encoberta pela cortina laranja.

O tempo estava ruim, afinal, era inverno. A temperatura devia estar na casa dos 10°C, e parece que iria cair ainda mais. Pesadas nuvens de chuva encobriam o céu, passando a impressão que era noite, apesar de ser quase 17:30 do dia 17 de Janeiro.

Tudo estava calmo naquela sala de aula, seguia exatamente como nos dias anteriores. As mesmas pessoas, as mesmas besteiras do Professor Eslováquio, as mesmas classes, sempre a mesma coisa. Era um tédio. Seria mesmo interessante se acontecesse algo diferente, pra variar.

O tempo passava, enquanto esses pensamentos também passavam pela mente de Sanjo. Depois de cinco minutos, que para o jovem pareceram uma eternidade, o sinal tocou. O último dia de aula havia acabado, e agora teria um mês de descanso.

Finalmente havia chegado uma oportunidade de sair da rotina, de fazer algo diferente! Já havia decidido. Nessas férias, ele viajaria. Não sabia para onde, se era praia ou montanha, acampamento ou outra cidade, mas ele passaria um bom tempo fora de casa. Mal sabia ele, mas o que aconteceria em breve estaria para mudar o seu destino e o de outras pessoas para sempre.

- Então pessoal, tomem muito cuidado nessas férias, nada de fritar ovos fritos ou querer enfrentar monstros gigantes de outro planeta, hein? – Disse Eslováquio, acenando animadamente para os alunos que saíam da sala.

ooo ooo ooo

Dez minutos haviam se passado desde que o sinal havia tocado. Nesse tempo, Sanjo havia pegado seus pertences que estavam guardados no armário da escola, colocando-os na mochila, e saindo do prédio.

Quando terminava de descer a escada que acabava em uma rua comum cheia de prédios cinza, alguém o chamou.

- Hey, Sanjo! Você vai direto para casa? – Exclamou uma voz atrás dele.

O rapaz nem chegou a olhar para trás, pois reconheceu de cara a voz de seu amigo.

- Vou sim, hoje estou muito cansado para sair. – Respondeu, voltando a andar.
- Você é quem sabe... Mas eu vou nessa! – Respondeu seu amigo, e passos apressados foram ouvidos logo em seguida.

Sanjo caminhou por alguns minutos pelas ruas vazias da cidade, indo para casa. A cada segundo a temperatura parecia diminuir, e ficava cada vez mais escuro. Sua respiração virava névoa a sua frente enquanto ele caminhava.

- Eu até sairia... Mas com esse tempo? – Pensou o rapaz, olhando para o céu.

Nuvens carregadas de chuva se moviam sobre sua cabeça, prontas para despencarem do alto a qualquer momento. O jovem esperava chegar em casa antes disso acontecer, caso contrário tomaria um grande banho gelado.

De repente, reparou em algo que não tinha percebido antes. Piscou surpreso e aguçou o olhar, então vendo com nitidez.

Não eram apenas nuvens que estavam compondo o céu daquele dia. Também não eram somente elas que se moviam. Havia algo mais lá.

Era estranho, parecia ser uma asa laranja. Ela aparecia e desaparecia por entre as nuvens, como se o ser que a possuísse estivesse voando por entre elas.

Sanjo parou de caminhar e ficou olhando para aquilo. Quase soltou uma expressão de surpresa quando o resto do corpo da criatura apareceu.

Parecia ser uma mistura de cobra com dragão, tendo um corpo comprido e esguio em tons de azul, e asas laranja, esqueléticas. Sua cabeça estava coberta com o que parecia ser um elmo feito por osso, e pelas fendas superiores era possível ver um par de olhos vermelhos. Compridas penas amarelas e vermelhas cobriam seu pescoço, assim como a ponta de sua cauda.

- Mas o que é aquilo? – Exclamou o rapaz, surpreso.

O ser soltou um enorme rugido, e no instante seguinte imergiu novamente nas nuvens negras, desaparecendo de vista.

Sanjo ficou algum tempo olhando para o alto, pensando que veria o dragão novamente, mas isso não aconteceu. Ele partira.

- Mas o que foi aquilo? – Murmurou ele, sem compreender.

Então seus pensamentos confusos foram interrompidos. Ele ouviu gritos de socorro vindos de longe, e concluindo que devia ter imaginado o monstro, olhou para a origem dos berros, que surgia logo a frente.

- Por favor!! Me ajude!!! – Um garoto vinha correndo, chorando, e atrás dele vinham dois rapazes.
- Pega!! Segura! – Eles gritavam, com sorrisos malignos.
- Por favor! Você precisa me ajudar! – Desesperado, o pequeno se escondeu atrás de Sanjo, para a surpresa desse.

Tendo uma vaga idéia do que estava acontecendo, o rapaz ergueu o olhar para a dupla.

Um deles era baixo e magricela, tendo o cabelo ruivo e usando um topete. Seus olhos eram negros, vestia uma camisa branca com um colete negro, e calça escura.

O segundo tinha uma estatura maior e era mais corpulento, tinha cabelo arrepiado louro-escuro, quase castanho, e olhos de mesma cor. Vestia uma camiseta vermelha com uma caveira estampada, calças rasgadas e manchadas, além de luvas negras.

Ambos os rapazes pareciam ser mais velhos e tinham expressões que indicavam perfeitamente uma coisa: Eles planejavam fazer alguma maldade.

- Mas o que está acontecendo aqui? – Disse Sanjo, encarando os dois.
- Esse garoto vai apanhar! Saia da frente!! – Esganiçou-se o menor dos rapazes, parecendo animado.
- Apanhar? E por qual motivo vão fazer isso? – Perguntou o rapaz, embora já fizesse idéia da resposta.
- Por qual motivo? Hê, esse aí é ingênuo! – Disse o maior, com uma voz que mais parecia um rosnado, abrindo um sorriso feroz.
- É, muito ingênuo! Pensa que precisamos de motivo pra isso? – Gargalhou o outro.

Sanjo lançou um breve olhar ao garoto, que chorava abraçado à perna dele. Sem pensar duas vezes, fez o garoto o soltar e deu um passo a frente, com uma expressão séria.

- Vão embora daqui a deixem o garoto em paz. – Ordenou o rapaz, encarando os outros dois.
- Hãn? Ele nos deu uma ordem?! – Exclamou o menor, surpreso.
- Como se nós fossemos obedecer! – Dessa vez foi o outro que soltou uma grande gargalhada.

O menino olhou surpreso para a cena, enquanto secava as lágrimas dos olhos. Sanjo suspirou exasperado diante do pouco caso dos marginais, pensando que precisaria agir logo.

- Se insistirem em vir, eu vou ser obrigado a bater em vocês. – Disse por fim, cerrando os punhos.

A dupla não gostou das palavras, e pararam de gargalhar. Suas feições ficaram ameaçadoras.

- Wasper, ele nos desafiou! – Esganiçou-se o menor, surpreso.

O outro, que fora denominado Wasper, também cerrou os punhos sem tirar os olhos de Sanjo.

- Idiota, devia ter ficado quieto no seu canto! Agora vai apanhar também!! – Berrou, e no instante seguinte partiu para cima do rapaz.
- Socorro! – Gritou o garoto, desesperado, ao ver o rapaz avançando.
- Eu tentei avisar! – Sanjo avançou também, com o punho erguido.

No instante seguinte, ele se abaixava, desviando do soco do adversário, e enterrando o punho em seu estômago logo em seguida.

- Ugh... Uahhhhhhh! – Wasper caiu de joelhos, com as mãos apertando o local atingido.
- Vocês não vão encostar um único dedo nesse garoto! – Disse Sanjo, se posicionando novamente.
- Wasper! Isso não fica assim! – Berrou o menor, avançando com os dois punhos erguidos.
- Eu avisei pra vocês!! – Gritou Sanjo, avançando novamente.

Com grande agilidade, ele usou suas mãos para bloquear ambos os socos do inimigo e empurrá-lo para trás. Aproveitando o momento de desequilíbrio do marginal, o rapaz saltou, dando a volta e aplicando-lhe um soco na nuca.

Dando um pequeno ganido, o atingido caiu desacordado, enterrando o chão na calçada fria.

- Que demais... – Murmurou o garoto, que assistia tudo de longe, sem acreditar no que via.

- Maldito! EU VOU ACABAR COM VOCÊ! – Wasper havia se recuperado, e avançava fora de si para cima daquele que havia nocauteado seu parceiro, que estava de costas.
- Nem vem! – Sanjo bloqueou o soco, voltando-se e segurando a mão do inimigo.
- Me solta, seu... – O rapaz ergueu o outro punho, preparando um novo ataque.

O rapaz bloqueou o segundo soco com o braço.

- O quê?! – Exclamou o rapaz, surpreso.
- Seus covardes, tentando bater em alguém mais fraco! Não posso perdoar vocês por isso, nem que eu queira!! – Sanjo continuou segurando os braços dele, e ergueu a perna.
- Ughaaaa! – O chute acertou o peito de Wasper, que foi arremessado para trás, tombando na rua deserta.
- Leve seu amiguinho daqui, e parem de perseguir o garoto! – Sanjo parou ao lado do garoto, o inimigo, que se levantava enfraquecido e massageando a cabeça.

- Seu maldito... Nós ainda vamos nos encontrar novamente um dia... E quando isso acontecer, você vai se arrepender pelo que fez hoje. – Cambaleando, Wasper caminhou até seu amigo.
- Anda logo! – Disse Sanjo, irritado.

Ele anda lançou um olhar de ódio para Sanjo, passou o braço do amigo desacordado por cima de seu ombro, e começou a caminhar, desaparecendo de vista em meio à densa neblina.

- Hum... Que sorte a sua, parece que tudo acabou bem, amiguinho. – Disse Sanjo, olhando por fim para o garoto, com uma expressão bondosa.
- Você... Você foi demais! Você acabou com eles com uma facilidade incrível!! – Exclamou o pequeno, excitado.
- Ah, não é para tanto... – Disse o rapaz, sem jeito.
- Qual é o seu nome? – Perguntou o jovem, curioso.
- Eu me chamo Aoki Sanjodai, mas pode me chamar de Sanjo. – Respondeu Sanjo.
- Muito prazer! Eu sou Hiroshito Seiwa. – Se apresentou o garoto.

Seiwa era um garoto baixo, que aparentava ter nove anos. Tinha cabelo castanho claro raspado, e olhos da mesma cor. Vestia uma jaqueta amarela com vários bolsos e uma calça jeans clara. Seu tênis era negro.

- Muito prazer! Agora, por que aqueles caras queriam bater em você? – Perguntou Sanjo, querendo saber o início da história.
- Eu não sei. Estava indo para casa, e eles me abordaram. Perguntaram quantos anos eu tinha, e respondi que tinha nove... Então eles falaram que eu era mais novo, e por isso iria apanhar. – Disse o garoto, assustado, lembrando.
- Covardes... Baterem em alguém mais novo, e ainda eram dois! Talvez eu devesse ter pego mais pesado. – Pensou, com raiva, olhando para a neblina onde a dupla tinha desaparecido.

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Qua Abr 22, 2009 1:02 am

De repente, passos apressados foram ouvidos em meio à névoa hipnotizante. Tentando enxergar em meio a ela e à estranha escuridão causada pelas nuvens, Sanjo reconheceu quando a pessoa falou.

- Sanjo! Ainda está aqui? – Exclamou uma voz, que se aproximava rapidamente.
- Keitai? O que você... Nossa, o que houve? – Exclamou o rapaz, quando o amigo se aproximou e pode enfim ser visualizado pelos dois.
- Ah, não importa... Quem é o seu amigo? – Perguntou o jovem chamado Keitai, olhando para o garoto que acompanhava Sanjo.
- Eu sou Hiroshito Seiwa. Muito prazer! – Se apresentou o pequeno.
- Eu sou Ishikawa Keitai. Prazer! – Disse ele, animado.

Keitai era um rapaz alto e atlético de 15 anos. Tinha a pele bronzeada, cabelos negros um pouco compridos, e olhos da mesma cor. Usava uma jaqueta verde com detalhes brancos sobre uma camiseta branca. Vestia calças jeans na cor vinho, e sapatos marrons simples.

Estranhamente, sua jaqueta estava encharcada, e sua camiseta branca estava com grandes manchas amarelas.

- O que aconteceu com você? Por acaso você vomitou? – Sanjo repetiu a pergunta, olhando enojado para a roupa.
- Bem... Sabe aquelas garotas que estavam conversando na saída, e eu fui até elas? Então, uma delas estava tomando suco de maçã... E eu acho que me deu um fora... – Começou ele, corando e parecendo abismado.
- Mal jeito, é? – Riu Sanjo, já entendendo tudo.

Keitai sempre fora um pouco mulherengo... Na verdade, muito mulherengo, desde que ele e Sanjo haviam se conhecido. E isso fazia muito tempo. Embora Keitai diga não lembrar disso, quando tinham em torno de 10 anos Sanjo lembra de ter o visto dando em cima de uma professora. Resta saber qual dos dois está falando a verdade.

- Bom, eu não percebi que ela tinha me dado um fora, continuei lá. Então ela pegou o copo de suco, e... – Completou Keitai, apontando para as manchas amarelas.

Sanjo e Seiwa começaram á rir, o que deixou o rapaz irritado. Ninguém pode falar nada, porém, e algo aconteceu. Um imenso clarão e logo em seguida um estrondo. O sol desapareceu por completo e os postes de luz se acenderam. Um temporal começaria logo.

- Opa, parece que vai chover... – Disse Sanjo, olhando para o alto.

As nuvens estavam mais agitadas, e se chocavam á todo o instante, fazendo clarões. Se moviam tão rapidamente que não parecia algo normal. Parecia que algo ou alguém estava induzindo-as a se chocarem.

- Chuva nada, o céu vai desabar por completo! Cara, eu posso passar a noite na sua casa? – Perguntou Keitai, assustado, olhando para a intensa agitação.

A casa de Sanjo era mais perto que a de Keitai. A distância entre as duas não era muito, apenas cinco quarteirões, mas o rapaz não arriscaria sair na rua com aquele tempo. Ele era filho de dois físicos relativamente famosos, então sabia muito bem os riscos que uma tempestade muito grande pode trazer.

- Calma, pode passar a noite lá sim! – Respondeu o rapaz, vendo a expressão nervosa do amigo.
- Onde você mora, Sanjo? – Perguntou Seiwa, curioso.
- Naquela casa. – Sanjo apontou para uma casa próxima, e após caminharem apressadamente por poucos segundos chegaram até ela.

Era um sobrado amarelo com dois andares. Tinha as janelas marrons, uma pequena porta na fachada que dava acesso ao interior, e uma grande porta na garagem. Era uma moradia bonita, passava a sensação de que nada poderia derrubá-la, o que era muito agradável de se sentir em meio à uma tempestade forte.

- Bom pessoal, a gente se vê. Amanhã é sábado, eu acho que passo aqui para rever vocês! – Disse Seiwa, começando a caminhar.
- Será que Wasper e o outro não vão voltar? – Disse Sanjo, sério.
- Duvido muito! Você detonou eles, e eu moro só a dois quarteirões de distância... Até mais! – Respondeu o garoto, apressado, e partiu acenando.
- Até mais! – Se despediram os dois, também acenando.

Ficaram observando até o momento em que o menino dobrou uma esquina e desapareceu de vista. Provavelmente chegaria em casa em pouco tempo.

- Quem era esse garoto? E quem você detonou? – Perguntou Keitai, curioso.
- Ele tava sendo perseguido por dois caras... – Respondeu Sanjo, se aproximando da porta do sobrado.
- E o que você fez? – Perguntou Keitai, embora já soubesse a resposta, parando ao lado do amigo.
- Dei uma ajudinha... Vamos entrar? – Perguntou Sanjo, tirando uma chave do bolso.
- Vamos, a chuva já começou mesmo. – Disse Keitai, quando sentiu um pingo no rosto.

Sem perderem mais tempo, eles atravessaram o portal e o fecharam atrás de si, trancando-o e apertando um interruptor na lateral.

O grande aposento, que estava imerso na mais completa escuridão, clareou, revelando ser uma sala de estar comum. Vários sofás azuis, uma pequena mesa com porta-retratos em cima e uma televisão pequena compunham o ambiente. Um computador branco estava no canto da sala.

- Pai, cheguei! – Gritou Sanjo, dando alguns passos, sem receber resposta.
- Estranho, a casa parece vazia... – Disse Keitai, caminhando mais um pouco, olhando para os lados.
- Rrrrrrrr... – De repente ouviu-se um som, algo que parecia um rosnado de alguma criatura.

Um estrondo enorme foi ouvido, e um alto barulho de coisas caindo foi ouvido. Alguma coisa se aproximava correndo, se chocando pesadamente com as paredes enquanto percorria o caminho. Era possível ouvir o rosnado, os passos pesados sobre o assoalho e o som de saliva pingando no chão. Fosse o que fosse, devia ser algo muito selvagem e feroz... Ou talvez não.

- Não acredito, de novo não! Não!!! – Percebendo de que se tratava, Keitai cambaleou alguns passos para trás, mas não foi rápido o suficiente.

Em poucos segundos o desespero do rapaz foi explicado. Algo repentinamente invadiu a sala por uma porta lateral. Não se pode decifrar o que era, a única coisa que se via era um grande borrão amarelo. No segundo seguinte, a pesada criatura ficou sobre as patas traseiras, apoiou as dianteiras nos ombros do rapaz e o fez ter uma queda espetacular ao chão.

- Não! Raptor, espera!! – Exclamou Sanjo, surpreso.
- Ahhhh, me ajuda! Esse cachorro louco de novo?! – Gritou Keitai, tentando escapar do ataque.
- Raptor, sai daí! – Sanjo puxava os quadris do cão, tentando separá-lo de seu amigo, mas o cachorro estava determinado á lamber cada parte do rosto de Keitai que alcançasse.
- TIRA ELE DAQUI!! – Gritou Keitai, sentindo a pegajosa língua passar por seu rosto.

Outra pessoa chegou ao aposento, pela mesma porta que Raptor. Encarando o cão, deu uma ordem em tom firme.

- Raptor, saia já daí. – Disse, sem alterar a expressão séria.

Imediatamente o cachorro soltou o rapaz, e parecendo feliz se juntou ao dono da voz.

- Ai... Hoje não é mesmo meu dia. – Disse Keitai, levantando e massageando a cabeça.
- Pai, chegou na hora certa! O Raptor só obedece você... – Disse Sanjo, olhando para o homem.

O pai do rapaz era alto e corpulento, parecia forte, já que tinha grandes músculos nos braços. Seus cabelos eram louros e muito curtos, usava óculos escuros. Vestia uma jaqueta de couro negra sobre uma camiseta marrom simples, além de calça jeans escura.

- Puxa, obrigado Aoki-dono. O Raptor sempre faz isso quando eu venho aqui... – Agradeceu Keitai, secando o rosto com a manga da jaqueta.
- Meu jovem, ele é alegre demais... Não é, Raptor? – Disse o homem, acariciando a cabeça do grande cão labrador.

Um acontecimento normal de um dia normal, um ataque normal de Raptor. Uma sensação de alegria normal, já que as férias haviam enfim chegado. Por mais que toda aquela normalidade fosse satisfatória, havia algo que não estava normal.

Talvez fosse pelo fato de ter visto estranhos seres voando pelo céu, talvez fosse pela preocupação por estar imaginando coisas, mas Sanjo estava com uma sensação estranha. Ele não sabia dizer o que era, ser era bom ou ruim, só sabia que era algo diferente de tudo que ele já havia sentido. Fosse o que fosse, algo pairava no ar, para enfim quebrar a calma rotina de todos.

- Pai, o Keitai vai passar a noite aqui, tudo bem? – Perguntou Sanjo, tirando os tênis.
- Claro que sim! Vai ser ótimo, Keitai-kun já é da família... – Disse Aoki, e ao falar a última palavra olhou instintivamente para um dos porta-retratos sobre a mesa de centro.

Sanjo também olhou para a foto. Nela era possível ver o homem, bem mais novo e sorridente, vestindo camiseta esportiva negra e calça jeans azul clara, além de óculos escuros.

Ao seu lado estava parado um pequeno garoto, que aparentava ter apenas três ou quatro anos. Seus cabelos eram louros, seus olhos azuis e tinha uma expressão de intensa alegria. Usava uma camiseta laranja, bermuda verde e tênis branco.

Era uma mulher bela com cabelos longos e negros. Expressão bondosa, olhos negros e um sorriso sincero, que demonstrava toda a alegria que sentia. Vestia uma blusa branca e calça negra, e usava um colar com uma minúscula pedra branca na ponta.

Sua estatura era menos que a do marido, e ela passava a mão no cabelo de Sanjo. Era a mãe dele. A mãe que estava desaparecida há quase dez anos.

Reparando no silêncio repentino, mas sem identificar o motivo, Keitai recomeçou o diálogo.

- Obrigado, Aoki-dono! Vou ligar para os meus pais... – Disse Keitai, pegando o telefone de cima da mesa.
- Tudo bem, diga que vai passar a noite aqui. Com esse tempo, acredito que eles até vão pedir para você ficar. – Disse o homem, se retirando pare seu quarto, seguido por Raptor.
- Eu também vou indo para o quarto me mudar, espera ai... – Disse Sanjo, pegando os tênis e passando por uma porta ao fundo da sala.

Viu-se então em um amplo aposento, pelo qual parecia ter passado algum tipo de furacão. Continha uma cama branca desarrumada, um armário da mesma cor com as roupas saindo para fora, e uma televisão desligada.

Estranhando o frio do local, diferente do restante da casa, Sanjo percebeu que a janela estava aberta, então correu para fechar o vidro antes que o temporal causasse um alagamento.

- Hey, Sanjo! – Chamou a voz de Keitai, se aproximando, e então o rapaz também entrou no aposento.

Imediatamente arregalou os olhos e lançou olhares surpresos para todos os lados.

- Cara, o que aconteceu aqui? Raptor transformou seu quarto em playground? – Perguntou, vendo a tremenda bagunça.
- Não. Ligou para os seus pais? – Disse Sanjo, em tom irritado.
- Então, o telefone não está funcionando, olha só... – Ainda surpreso com o estado do quarto, Keitai entregou o aparelho negro ao amigo.

Este colocou-o no ouvido, e comprovou, não se ouvia som algum.

- Tenta o da cozinha, acho que deve funcionar. – Explicou Sanjo, lembrando que antes dele ir para a aula o telefone estava com o mesmo problema.

O rapaz saiu do aposento para a nova tentativa, e o outro fechou a porta para trocar de roupa. Mudou-se e, cansado, sentou na cama. Pensou que as férias haviam chegado, e no que poderia fazer nesse tempo de descanso. Distraído, lançou um olhar para a janela.

Não era possível ver muita coisa, a chuva batia fortemente contra o vidro. Embora fosse por volta de seis horas da tarde, o céu estava totalmente escuro, e os postes de luz da rua haviam sido ligados. Os poucos pontos brilhantes na rua, provavelmente faróis de carros, andavam muito lentamente.

Pelo vidro embaçado só era possível ver as gotas de água, os clarões dos raios, e alguém no telhado do outro lado da rua. Sanjo ficou surpreso, e tentou enxergar melhor.

Não era uma ilusão. Havia algo ou alguém lá. Era impossível identificar exatamente o que era, só o que se via era uma pálida imagem distorcida. O que alguém faria no topo de um prédio alto durante uma tempestade? Seria algum suicida querendo ser atingido por um raio? Um cientista fazendo experimentos com raios? Sem agüentar mais a curiosidade, Sanjo levantou-se da cama e correu até a janela.

Esfregando o vidro embaçado com a manga da camisa, a imagem foi melhorada e foi possível identificar o que era. Não era um suicida. Nem um cientista. Tampouco era humano. Era um leão.

Não, não era apenas isso. O leão era bípede, e aparentemente vestia calas marrons. Sob a forte tempestade, era possível ver uma capa vermelha balançando às suas costas. Era impossível identificar maiores detalhes, pela distância e pelas gotas de chuva que distorciam a imagem.

- Não acredito... O que é isso? – Murmurou o rapaz para si mesmo, vendo a estranha figura.

Forçando os olhos para tentar ver algo mais, ele pode identificar outra coisa. O ser olhava para o alto, onde as nuvens se chocavam e causavam inúmeros clarões. Apesar disso, ele não parecia estar com medo daquilo. Parecia estar esperando algo.

- Não pode ser, quem é ele? – Perguntando-se se estava imaginando coisas, Sanjo não tirava os olhos da criatura, e optou por abrir a janela para ter uma visualização melhor.

Mais detalhes puderam ser vistos. O leão usava grossas luvas negras, tinha algo que parecia uma espada embainhada na lateral da calça, e uma expressão séria.

De repente, ocorreu uma série de acontecimentos muito rápidos. Primeiro, um grupo de nuvens particularmente escuras e grandes se chocaram no céu, exatamente acima do prédio onde se encontrava o leão.

Estrondos e clarões cegantes tomaram conta do ar, os raios cruzaram a uma velocidade assustadora, atingindo o chão em diversos pontos. Não parou por ai, a situação foi piorando a cada milésimo de segundo, dezenas de raios eram vistos, uma explosão foi escutada ao longe.

O ser não alterou a expressão. Mesmo estando em um dos prédios mais altos da cidade, ele parecia não temer os raios que acertavam todas as construções em volta dele. Era uma questão de segundos até uma das descargas atingi-lo em cheio.

Mais estrondos altos, mais raios, tudo estava aumentando. A qualquer momento um raio o acertaria. Sanjo viu duas nuvens gigantescas prestes a se chocarem no céu, um pequeno clarão se formou quando elas trocarem descargas entre elas. Agora projetariam estas para baixo. Prevendo o que aconteceria, o rapaz colocou metade do corpo para fora, sentindo a chuva fria batendo em seu rosto, mas aquilo não importava.

- CUIDADO!!! – Instintivamente gritou com toda a força que pode, sem tirar os olhos do leão.

Sem aparentar surpresa, o ser lentamente baixou a cabeça, virando o rosto para onde Sanjo estava. Os dois trocaram contato visual, nesse instante o rapaz sentiu novamente a sensação de que havia algo estranho, mas foi algo muito mais intenso. Porém não teve tempo para analisar o que era, já que no segundo seguinte algo aconteceu.

Suas previsões se confirmaram. As nuvens lançaram um gigantesco e poderoso raio para baixo, exatamente onde o leão estava parado. Um clarão forte e um barulho ensurdecedor. Sanjo cambaleou levemente para trás, temporariamente cego e surdo.

Quando seus sentidos começaram a se normalizar, em alguns segundos, somente o som de chuva batendo no telhado pode ser ouvido. Ele não acreditava no que havia acontecido. O leão havia ignorado seu aviso, e tinha sido atingido pelo raio.

Temendo o que veria, Sanjo caminhou até a janela e olhou novamente para o alto do prédio.

- Não... Não pode... – Gaguejou, surpreso.

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Qua Abr 22, 2009 1:03 am

Um buraco havia sido feito no local onde o leão estava antes, tamanha fora a fora do raio. As telhas estavam chamuscadas pelo impacto. Contudo, mesmo o raio tendo atingido o lugar, não havia nada. Não estava lá o leão, nem vivo nem morto. Havia simplesmente sumido no ar.

- Ele desviou do raio? – Murmurou olhando para todos os lados tentando encontrá-lo, mas não o enxergando em lugar algum.

Alguém bateu na porta do quarto.

- Hey, Sanjo! Cadê você? Pode vir comigo até a cozinha? Eu tô com fome! – Era Keitai.

Ainda pasmo com o que havia presenciado, o rapaz destrancou a porta do quarto, dando de cara com o amigo.

- Nossa, esse raio foi dos grandes, a chance de cair um desse tamanho é de... Que cara é essa? – Exclamou o amigo, surpreso.
- Nada não... Falou com seus pais? – Perguntou Sanjo, querendo mudar de assunto.
- Nem, o outro telefone também não tá funcionando. Mas preciso ficar atento, assim que voltar ligo pra eles. – Respondeu o rapaz, preocupado.

A dupla caminhou até a cozinha, um pequeno local com paredes de azulejos brancos e piso da mesma cor. Tinha uma mesa de mármore no centro, uma pia de alumínio em um canto, além de um freezer e uma geladeira encostados em uma das paredes. Sobre o freezer havia uma televisão.

Keitai ligou a TV e ficou animado ao ver que estava passando um programa de comédia, seu favorito. Enquanto preparava uma torrada gargalhava muito, e quase prensou a mão no grill enquanto assistia.

Sanjo estava quieto, não conseguia parar de pensar no que vira. Não conseguia prestar atenção na televisão, não sabia nem mesmo o que estava comendo. Só ficou atento a algo quando o programa de Keitai foi interrompido.

A transmissão estava normal, mas de repente foi cortada e a tela ficou negra. No segundo seguinte apareceu um senhor sentado atrás de um balcão, com cabelo grisalho, vestes brancas e um microfone. Ele mexia atrapalhado em alguns papéis.

- Que é isso? Nem tá na hora do noticiário! – Exclamou Keitai, irritado, pegando o controle da televisão e mudando de canal.

No novo canal, o mesmo homem foi visto. Agora estava com os papéis prontos, e falava olhando atentamente para a câmera.

- Informamos que este programa está sendo exibido em rede nacional.

- Rede nacional? Nossa, o que será que houve?! – Exclamou Keitai, parecendo surpreso e assustado.

- Pedimos a atenção de todos por breves instantes. Informamos que o governo central do Japão acaba de declarar situação de emergência no país.

- Essa chuva fez tantos estragos assim?! – Perguntou o rapaz novamente, sem entender, encarando Sanjo.

Este por sua vez não ouviu o que o amigo disse. Escutava atentamente as palavras do repórter, pensando que talvez fosse algo relacionado às estranhas criaturas que havia avistado naquele dia.

- O motivo de tal declaração é o fato de que dezenas de monstros foram avistados hoje por todas as partes do país. Aos céticos, vamos mostrar agora algumas fotos de amadores.

Mal ele terminou de dizer isso e dezenas de imagens começaram a passar rapidamente pela tela.

Um pequeno dinossauro laranja corria com os braços para o alto. Um grande guerreiro medieval com armadura, elmo e uma espada do tamanho de uma pessoa, golpeava um telefone público. Um grande mamute passava por cima de um carro, amassando-o totalmente. Um gigantesco dragão com corpo serpentiforme voava ao lado de um enorme arranha-céus.

- Não acredito, esse monstro... Foi ele que eu vi aquela hora! – Exclamou Sanjo, com a cara quase grudada na TV, olhando para a última foto.
- Você viu? – Questionou Keitai, surpreso.

Sanjo encarou o amigo e deu um aceno com a cabeça. O rapaz engoliu em seco. Ambos estavam pálidos; Keitai por medo ao pensar no que aconteceria se um daqueles monstros invadissem a casa. Sanjo porque tinha total certeza de que os monstros deviam fazer parte da imaginação dele.

Estranhamente, havia uma coisa que ambos não conseguiam tirar da cabeça: Será que Seiwa havia chegado a salvo em casa? A imagem do guerreiro fatiando o telefone público martelava na mente deles, e ambos pensavam no que aconteceria se uma pessoa estivesse no lugar.

- Não há informações se alguém morreu, pedimos á população que tome extremo cuidado. Como último aviso, o governo colocou o exército em posição e deu uma ordem: Todos os habitantes estão terminantemente proibidos de sair de suas casas. A guerra contra os selvagens pode se iniciar a qualquer momento, e...

Um clarão, um estrondo, e tudo ficou escuro. Um raio havia feito interferência e causado uma queda de energia.

-Ai, só faltava essa pra nós... Um temporal, monstros pelo país e ainda estamos sem luz! Hoje com certeza não é meu dia. – Gemeu Keitai, aterrorizado.

Sanjo nada disse, apenas estava pensando nas informações recém obtidas.

- Monstros atacando o Japão? Forças Armadas preparadas? Será que é o fim do mundo? – Pensava, sem compreender.
- Sanjo, ainda tá ai? – Disse a voz de Keitai, gaguejando.

Com a escuridão, não era possível enxergar nada. A única fonte de luz eram os raios que caíam regularmente lá fora, uma parte da luminosidade liberada por eles passava pelas cortinas. Isso não permitia total visualização da cozinha, mas permitia que os vultos dos objetos fossem vistos.

- Sim... Acho que tem velas na sala, preciso ir pegar. – Respondeu o rapaz, tateando os móveis e saindo do aposento.
- Não, espera por mim...! – Gritou Keitai.

No instante seguinte ouviu-se um grito do jovem, seguido pelo estrondo de algo tombando no chão.

- Keitai? – Exclamou Sanjo, surpreso, parando de andar.
- Droga! Tinha uma cadeira bem no meio do caminho! – Berrou o amigo em resposta, tentando se levantar.
- Hum? Estranho, a cadeira em que eu estava tinha ficado do outro lado da mesa... – Comentou o rapaz, surpreso.
- Pára com isso! Você quer me assustar, né?! – Exclamou Keitai, com a voz falhando.
- Não... Desculpa ai, acho que me enganei. – Mentiu Sanjo, embora tivesse certeza de que estava certo.

Os dois seguiram tateando as paredes, buscando não bater em nada. Não foi muito difícil, afinal o dono da casa sabia a exata localização de tudo. Pelo menos ele achava que sabia, até que...

- Sanjo?! Que barulho foi esse?! – Exclamou o outro, ao ouvir um estrondo.
- Droga, agora eu que quase cai... Como essa mesa veio parar no meio do corredor? – Resmungou o amigo, vendo que a mesa que devia se encontrar na sala agora estava em um local totalmente diferente.
- Ai, onde tá o Aoki-dono nessas horas? – Murmurou Keitai, sem conseguir esconder o medo que sentia.
- Era para ele ter ido tomar banho... – Respondeu Sanjo, também sem entender.

Simplesmente tirou a mesa do caminho e seguiu avançando. Finalmente chegaram até a sala, desviaram de mais alguns obstáculos naturais e chegaram até um pequeno armário de madeira que ficava em um canto. Sanjo abriu uma gaveta, e tateando localizou o pacote de velas.

- Agora precisamos pegar os fósforos na cozinha. – Disse, voltando pelo mesmo caminho que tinham vindo.
- Não... Sanjo, espera... – Sussurrou Keitai, em um tom de voz estranho.
- O que foi? – Perguntou ele, impaciente, sem parar de caminhar.
- Eu acho que... tem alguma coisa aqui. – Disse, em tom de voz fraco.
- Hum? Do que você tá... falando...? – A voz do rapaz foi falhando aos poucos.

De início, achou que era mais uma das paranóias de Keitai. Sempre que ficava em algum lugar escuro o amigo começava a imaginar coisas. Contudo, conforme Sanjo se virou para trás, Sanjo percebeu que dessa vez era diferente. Lá estava a sombra de Keitai, parada exatamente no centro da sala. Atrás dele, outro vulto, mais alto e imóvel.

- Sanjo? O que foi? – Perguntou o rapaz, com medo.
- Keitai! Atrás de você!! – Gritou o outro em resposta, avançando.

Instintivamente Keitai girou o corpo, com o punho fechado, mas o soco atravessou apenas o ar. O vulto havia desaparecido totalmente.

- Keitai, você tá legal? – Exclamou Sanjo, parando em frente ao amigo.
- O que você tinha visto atrás de mim? – Perguntou ele, gaguejando.

Sanjo achou que era melhor não mentir dessa vez.

- Tinha alguém, ou algo... – Respondeu, olhando atentamente para todos os lados.
- Não viu quem era? – Perguntou Keitai, com medo.
- Não. Pai, é você? – Sanjo chamou.

Não houve resposta. Deduziu que devia ter sido impressão, o que não foi apoiado pelo amigo.

- Ai, mais essa pra completar o meu di... – Começou Keitai, mas novamente se calou.

A dupla ouviu um barulho. Um barulho conhecido, mas que em uma situação como aquela foi realmente assustador. O som de um computador se ligando.

Automaticamente eles olharam para trás. Não era impressão, o aparelho estava com as luzes acesas, e totalmente ligado.

- Mas o que deu nisso? – Perguntou Sanjo, surpreso, caminhando até lá.

Keitai por sua vez olhou para os lados. Não havia ninguém por perto, pelo menos pelo que era possível ver, mas ele tinha a sensação de que estavam sendo observados.

- Já vi algo assim acontecer uma vez, um raio que causou uma descarga elétrica muito intensa faz um computador se ligar sozinho. – Disse, sem prestar atenção ao computador.

Keitai dava mais uma demonstração de sua grande inteligência, herdada de seus pais.

- E o computador executar um programa desconhecido sozinho, você já viu? – Disse Sanjo, olhando surpreso para uma barra que aparecera no centro da tela, e carregava lentamente.

- Isso não! – Exclamou o rapaz, surpreso, se aproximando.

A barra de status estava quase totalmente cheia, não havia nada indicando o que era ou como cancelá-la. Quando terminou, desapareceu e nada mais aconteceu.

- Hum, acho que devia ser atualização do antivírus ou coisa assim, não aconteceu na... – Começou Sanjo, sem entender.

Nem terminou de falar isso, e algo mais estranho ainda aconteceu. A tela do computador ficou totalmente azul escura, causando mais uma vez uma imensa escuridão no aposento.

- Droga, acho que isso aqui tá com vírus! – Exclamou Keitai, mexendo freneticamente no mouse e tentando reiniciar o aparelho, sem sucesso.

O que aconteceu a seguir ficaria na memória dos dois por muito tempo. Com um brilho branco repentino, apareceu uma linha branca dividindo a tela em duas, exatamente no meio.

- Se isso é um vírus, é o mais estranho que eu já vi... – Comentou Sanjo, olhando para a estranha transformação que ocorria.

Como se alguém estivesse fazendo um rasgão na tela azul, esta abria-se a partir do centro, mostrando algo inacreditável. Era algo que parecia ser um planeta azul, muito semelhante com o nosso.

- É uma foto da Terra? – Perguntou Sanjo, sem entender mais nada.
- Não... Repare no formato das terras emersas, é diferente... – Respondeu Keitai, lentamente levando a mão até a tela do computador.

Talvez fosse impressão sua, mas a imagem parecia ter uma estranha profundidade e exalar uma aura esbranquiçada, como se aquilo fosse um portal ou algo assim. Isso se confirmou, no momento em que ele foi tocá-la, sua mão entrou no monitor, como se a tela deste fosse uma fina camada vertical d água que se ondulou no momento em que foi tocada.

- Keitai?! – Exclamou Sanjo, surpreso.
- Não pode ser... Isso é um portal dimensional... – Murmurou o amigo, surpreso.
- Portal o quê? – Disse o outro, sem entender.
- Achei que era uma lenda, mas pelo visto... – Começou Keitai.

Não pôde terminar a frase. No instante seguinte um enorme alvoroço aconteceu. Keitai deu um tremendo grito e começou a espernear ao sentir alguém segurar ambos seu braço e começar a empurrá-lo para dentro do portal. Havia mais alguém ali.

Vendo o amigo ser atacado pelo estranho vulto encapuzado, Sanjo não pensou duas vezes e avançou.

- Ahhh!!! Me solta!! – Gritava Keitai, imobilizado, com o rosto se aproximando do portal.
- É hora de você irem, crianças. Tchauzinho. – Disse o vulto, com uma voz rouca, e demonstrando uma força tremenda ergueu Keitai, tirando os pés deste do chão.
- Não! Não!! Ahhh!!! – Sem poder resistir, ele foi empurrado para dentro do portal, onde caiu e desapareceu de vista.

Em meio à rápida e repentina confusão, Sanjo chegou até o agressor e tentou socá-lo no rosto, mas este desviou facilmente. Encarou o rapaz com aqueles olhos negros penetrantes, e desviou de uma segunda investida dele.

- SEU MALDITO! Quem é você e o que fez?! – Berrou o jovem, fazendo uma terceira investida, também sem sucesso, acabando com o braço preso.
- É melhor se acalmar... Senão, terei que silenciá-lo. – Disse o encapuzado, com o tom de voz mais calmo do mundo.
- Traga o Keitai de volta, desgraçado! – Berrou Sanjo, fazendo uma nova investida.
- Sinto muito, isso já não é mais possível. E eu disse para você ficar calmo. –Respondeu, em tom sádico.
- Calmo?! Eu vou acabar com vo... – Começou o rapaz, mas no segundo seguinte se calou.

Sentiu uma agulhada no braço, e no mesmo segundo uma estranha tontura dominou-o.

- O que você fez?! – Berrou ele, cambaleando, mas ainda tentando dar uma nova investida.
- Algo para silenciá-lo, você me obrigou a isso. – Respondeu o vulto.

No instante seguinte, Sanjo não pôde mais se manter em pé. Tombou e foi fechando os olhos lentamente, contra a sua vontade. Por fim, adormeceu.

O encapuzado fitou o rosto do rapaz por alguns segundos, logo em seguida olhando para o portal que brilhava. Por fim, levou a mão ao interior de sua capa.

- Apareça, Símbolo. – Ordenou, fazendo um brusco movimento.

Uma criatura sem expressão surgiu planando no ar.

- Ajude-me a colocá-lo no portal e a esconder as provas de minha vinda. – Disse, olhando para o ser.

Sem responder, o monstro lentamente aterrissou ao lado de Sanjo e levantou o corpo deste, voltando a planar.

- E agora sim a sorte foi lançada. – Murmurou o vulto, ao ver o corpo do rapaz imergir no portal e sumir de vista.
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Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo!

Abraços!

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Qua Abr 22, 2009 8:42 am

Muito,muito legal o capitulo DKG realmente é quase exatamente como eu me lembrava dele!Gostei muito das partes novas que você colocou como o fato de Sanjo ter tentado falar com Mestre Leomon e este ter desaparecido misteriosamente.Também gostei muito de rever o Pai de Sanjo e seu cão o Raptor.Senti um pouco de falta daquela sensação de panico do primeiro episódio da primeira versão desta fanfic quando o computador liga sozinho e suga todos para dentro,porém o fato do próprio vulto encapuzado ter vindo sequestrar os dois rapazes realmente foi uma boa sacada pois reforça a idéia de que desde o inicio Sanjo e Keitai estavam destinados a irem ao Digital World!Enfim ficou muito legal para o recomeço da fanfic resta esperar para ver o segundo capitulo e o encontro de Sanjo e Keitai com Kimiro e os Digimon!Vamos esperar!Enfim bem vinda de volta Digimon Burn!Sucesso com a fanfic!

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Qua Abr 22, 2009 7:34 pm

Gostei pacas do capítulo. Ficou bem melhor que o anterior, sem dúvidas, e neste Sanjo ficou mais 'Rocky Balboa', mais ágil, etc. O menininho teve uma srote tremenda ao se encontrar com ele, caso contrário estaria frito =D Yoshi, o leão que você citou neste capítulo reformulado acho que não venha ser um Leomon, e sim um Leomon X, pois ele é o único Leão digimon que usa capa vermelha.

Pou, prevejo também que o menininho que Sanjo defendeu venha à ser um escolhido futuramente, e já sei até quem vão ser: Sanjo e Keitai. lol, o jeito dos rapazes irem para o Mundo Digital foi beeeeem diferente, pois na outra Burn eles tinham sido sugados.

Erros ortográficos vi poucos, acentos errados também, como ''Pára'', que devia ser ''Para''; d água, que devia ser d'água; e os a craseados (à) Em que você usou o acento agudo, em vez da crase; só uma dica: Acento agudo é usado em letras e palavras para dar um sentido aguçado, mais grosso, exemplos: é, Barnabé, Zezé, etc. Já a crase é usada ás vezes para denominar à quem ou o que você via fazer, usar, exemplos: ''Entregarei o livro à menina'', ''Vamos à praia?'' Ou seja, é quase uma substituição de ''para a''.

Sua ortografia está excelente, mas com alguns erros citados acima; sua descrição melhorou, e muito, você preferiu usar a descrição do que as imagens (até que enfim aceitou minha dica ^^), e a organização está perfeita também. Bom, repito que o capítulo foi muito bom, e prevejo que esse vulto encapuzado seja

Spoiler:

o vulto encapuzado do prólogo, ou o próprio pai do nosso herói Sanjo. Espero o próximo capítulo ^^

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Qui Abr 23, 2009 1:44 am

Excelente capítulo, a parte onde o vulto manda Sanjo e Keitai pessoalmente ao Mundo Digital superou de longe a primeira versão da fic, ficou muito melhor mesmo. Se vão fazer um bolão, eu aposto que o vulto é o pai do Sanjo mesmo, seria bem legal. Espero o próximo. Smile

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Qui Set 03, 2009 11:38 am

Muito bom. A fanfic melhorou muito. Está escrevendo com mais leveza, o que deixa mais confortável de ler. Além disso, está bem mais realista e melhor descrita. É uma descrição rápida e o suficiente para entendermos, o que não deixa a leitura chata.

Como tinha lido a fanfic anteriormente imaginava os Digimons no céu, até me esqueci o nome deles; sabe como é, tempão sem ver Digimon. A briga ficou bem mais legal e parecida com o estilo de Digimon Savers (estou assistindo no PC, odeio acompanhar por TV.)

Continuo a leitura e edito este post mais tarde. Até mais e entre no MSN! o/

Editado: Li a segunda parte. Está ótimo, Keitai e Sanjo, agora só falta uma. Twisted Evil

Pude notar também nessa parte o realismo. O pai de Sanjo, mãe, Keitai, Raptor, foram todos muito bem apresentados. Parece até que estou vendo um anime, está muito legal Diego, amigo! Vou ter que ir, meu irmão quer mexer no PC, depois leio o resto. =/

Li a terceira parte. Cuidado com os erros de digitação, você escreveu no começo: tamanha fora a fora (força) do raio. Notei também alguns outros, então tome cuidado Diego. O Digimon que estava no telhado – dá pra imaginar quem seja – continuou com aquele ar de mistério; gostei muito disso.

O noticiário. Parece aquelas cenas de filmes de suspense e ficção onde os alienígenas atacam a Terra. Isso foi bem legal, adoro filmes com ETs mesmo. *.*

Eba! O computador ainda existe. Eu invejo essa sua cena do computador, adorei essa idéia cara! Principalmente da maneira que usou. Mas, quem é esse encapuzado estranho? Se ele tentar matar o Sanjo eu detono ele! Sanjo Rulers! Ah, tenho uma leve impressão que esse vulto está do lado de Sanjo e Keitai, qual o verdadeiro motivo deles terem sido lançados para o digimundo. Isso se esse portal levar a isto, que é o mais provável.

Diego, continue a fanfic. Sabe que é a minha favorita desde eras remotas (alguns meses ou anos atrás xD). o/

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Qua Set 16, 2009 1:58 pm

É impressão só minha ou o DKG simplesmente sumiu sem deixar vestigios de sua pessoa na face da Terra abandonou o próprio forum e a fanfic que ele criou nunca mais tendo postado um capitulo sequer e nos todos ficamos com cara de bobos porque abandonamos a Digimon Forever por nada e a pessoa que nos inspirava tanto simplesmente enjoou de nós e sumiu sem nem se preocupar com nosso destino?Lamentavel se for! Neutral

Assunto: Re: [Digimon] Digimon Burn Qui Set 17, 2009 2:34 am

Creio que o Diego pode ter passado por outras coisas. O PC dele pode ter quebrado, pode ter acontecido algo que o abalou. Pode ter até, sem exagero, ter morrido. Saudades do meu amigo e não acredito que ele nos abandonou. Espere só, ele ainda irá reaparecer! o/